a bola quebrou a janela da vizinha
que nos praguejou “moleques duma figa”
enquanto corríamos às gargalhadas
pra roubar goiaba do quintal alheio
ou planejar um mundo mágico
que nem sonhou breton
dia desses encontrei o zé galinha
que tinha chutado a bola naquela janela
e gargalhado mais que todos juntos
relembramos outras historinhas
como quem abre um velho baú
e depois fecha por querer
um aperto de mãos selou o encontro
que também foi uma despedida
e fomos embora sei lá pra onde
com a alma envelhecida
os ossos mudos
e a boca cheia de nada