segunda-feira, janeiro 23, 2017

acolhe, mãezinha

o menino que ficou para trás

cujos olhos castanhos raiavam andorinhas 


mas hoje homem de mãos acalmadas

e ouvidos desterrados

onde não cabem canções de ninar  


quinta-feira, setembro 26, 2013

não esquecera de quem era
só não havia mais o que lembrar
e pouco importava o quanto tentasse
o homem envelhecido e triste
é quem amanhecia em seu lugar

sábado, outubro 22, 2011

um dia eu volto
entre aquarela de tempos idos
e recorte de memórias desvividas

um dia qualquer
inscrito naquele menino
que sozinho inventava
maneiras de ser feliz

quinta-feira, agosto 25, 2011


ficamos presos
a algum lugar que não volta
que não passa
que não existe mais

domingo, janeiro 02, 2011




acalento memórias



que não pude ter


e em silêncio as ladrilho


com pedrinhas de brilhantes


para que você esteja aqui


quando eu acordar da solidão

terça-feira, outubro 12, 2010

sonho
que ainda estás aqui
que as manhãs tem cheiro de nuvens
e as tardes são pedaços de meninice
esparramados entre as cirandas
que você um dia, mãezinha
sorrindo brincara conosco
.
sonho
que ainda seremos felizes
que a morte é algo que não chega
e que deus está apenas fingindo
não escutar nossas preces e prantos
porque deus não é tão malvado assim
porque deus sempre brinca de faz de conta

sábado, agosto 07, 2010

recuo no tempo.
minha mãe morreria aos trinta e três anos
escuto-me perguntar
como pudemos deixar a casa vazia,
agora que éramos três meu irmão meu pai e eu.

[o que sobrevive nos olha direto nos olhos]

doce irmão,
falta-nos os brinquedos o jardim o jambeiro lá do quintal
e um punhado de orações que rezaríamos mesmo quando adultos
não fosse deus, silêncio.

pai,
a quem mais pediríamos carinho?